Peça a seu Pai, que está no céu
7 Pedi e se vos dará; buscai e achareis; batei, e vos será aberto. 8 Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e, a quem bate, abrir-se-á. 9 Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? 10 Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 11 Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem? 12 Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.
Quando você para a fim de considerar que Deus é infinitamente poderoso e pode fazer tudo o que lhe agrada e ele é infinitamente justo de modo que faz somente que é direito e ele é infinitamente bom de maneira que tudo que faz é perfeitamente bom e ele é infinitamente sábio de forma que sempre sabe perfeitamente que é justo e bom e ele é infinitamente amoroso que em todo o seu poder, justiça, bondade e sabedoria eleva a alegria eterna de seus amados à mais alta posição possível. Quando você se detém para considerar isso, então os apelos generosos desse Deus para pedir a ele boas coisas com a promessa que ele lhe dará é algo maravilhosamente inimaginável.
A tragédia da falta de oração
A pouca disposição que temos para orar representa uma das grandes tragédias de curto prazo na igreja. O principal apelo da palavra se estende a nós e, de um modo incompreensível, regularmente, nos voltamos para outras coisas. É como se Deus nos enviasse um convite para o grande banquete que jamais aconteceu e tivéssemos enviado uma mensagem de volta: “Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado”. Ou: “Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las”. Ou ainda: “Casei-me e, por isso, não posso ir” (Lucas 14,18-20).
Uma nova disposição para orar
Bem, assim aconteceu. Mas minha oração é que Deus use essa mensagem e essa palavra de Jesus em Mateus 7 e outras influências em sua vida para despertar uma nova disposição para orar neste ano. Espero que você peça a Deus para fazer isso quando examinamos este texto.
Faremos isso em duas medidas. Primeiro, vamos analisar oito incentivos para orar em Mateus 7,7-11. Segundo, tentaremos responder à questão como compreendemos as promessas que recebemos quando pedimos e o que encontramos quando buscamos e as portas abertas quando batemos.
Oito incentivos de Jesus para orar
Seis desses incentivos são explícitos nesse texto e dois são implícitos. Parece evidente a mim que o propósito principal de Jesus nesses versículos é nos incentivar e nos motivar a orar. Ele deseja que oremos. Como ele nos incentiva?
*1. Ele nos convida a orar *
Três vezes Jesus nos convida a orar — ou você poderia afirmar que ouve a Jesus por três vezes nos ordenar amavelmente a orar — a lhe pedir o que precisamos. Esse é o número de vezes que ele nos convida e atrai nossa atenção. Os versículos 7 e 8: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei, e vos será aberto. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e, a quem bate, abrir-se-á”. A repetição tem o intuito de afirmar: “É isso mesmo o que quero dizer”. Quero que você faça isso. Peça a seu Pai o que você necessita. Busque no Pai a ajuda de que precisa. Bata na porta da casa de seu Pai e ele a abrirá e lhe concederá o que precisa. Peça, busque, bata. Eu apelo a você três vezes porque realmente quero que você aproveite a ajuda de seu Pai.
2. Se orarmos, Ele nos promete
Melhores e mais surpreendentes que os três apelos são as sete promessas. Versículos 7 e 8: “Pedi e [1] vos será dado; buscai e [2] achareis; batei, e [3] vos será aberto. Pois todo o que pede [4], recebe; o que busca [5], encontra; e, a quem bate [6], abrir-se-á”. Então, no fim do versículo 11b [7]: “Quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”
Sete promessas. Elas serão concedidas a você. Você as encontrará. Elas estarão disponíveis a você. O suplicante recebe. O buscador encontra. O batedor se defronta com uma porta aberta. Seu Pai lhe dará boas coisas. Por certo, a razão para essa porção generosa de promessas é declarar: Sinta-se incentivado a vir. Ore ao Pai. Não é em vão que você ora. Deus não está brincando com você. Ele responde. Ele concede coisas boas quando você ora. Sinta-se incentivado. Ore com regularidade e confiança neste ano.
3. Deus é acessível em circunstâncias diferentes
Jesus nos incentiva não somente pela quantidade de apelos e promessas, mas pelos três tipos de apelos. Em outras palavras, Deus se prontifica a responder positivamente quando você o encontra em circunstâncias diferentes de acessibilidade.
Peça. Busque. Bata. Se o pai de uma criança está presente, ela lhe pede o que necessita. Se o pai está em algum lugar na casa, mas não pode ser visto, o filho procura por ele devido ao que necessita. Se o filho procura e encontra o pai atrás da porta fechada de seu gabinete, ele bate na porta para obter o que necessita. O fato principal parece ser que não importa se você encontrasse Deus imediatamente próximo, quase podendo tocá-lo, dada sua proximidade, ou dificilmente você o veria e até barreiras poderiam existir entre você e Ele. Mesmo assim, Deus ouvirá e lhe concederá boas coisas porquanto você olhou para ele e não para outro.
4. Todo o que, pede recebe
Jesus nos incentiva a orar por tornar claro que todo o que pede recebe não apenas alguns. Versículo 8: “Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á”. Quando ele acrescenta a palavra todo no versículo 8, Jesus deseja superar nossa timidez e hesitação que, de alguma forma, terão utilidade para outros, mas não para nós. É claro que ele está falando sobre os filhos de Deus aqui, não os seres humanos, de um modo geral. Se não tivermos Jesus como nosso Salvador e Deus como nosso Pai, então essas promessas não se aplicam a nós.
João 1,12 afirma: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem em seu nome”. Para se tornar um filho de Deus, precisamos receber o Filho de Deus, Jesus Cristo, que nos concede o direito de adoção. Tais promessas são para esses filhos de Deus.
Para aqueles que recebem a Jesus, todos os que pedem, recebem boas coisas do Pai. O fato é que nenhum de seus filhos é excluído. Todos são bem-vindos e incentivados a vir. Martinho Lutero compreendeu o modo pelo qual Jesus incentiva neste texto:
Ele sabe que somos tímidos e retraídos de tal modo que nos sentimos indignos e incapazes de apresentar nossas necessidades a Deus... Imaginamos que Deus é tão grande e somos tão pequeninos que não ousamos orar... É por essa razão que Cristo deseja nos afastar desses pensamentos tímidos, remover nossas dúvidas e nos fazer caminhar adiante com confiança e ousadia. 1
5. Estamos diante de nosso Pai
Sugerimos esse fato, agora vamos declarar explicitamente com sua própria ênfase: Quando comparecemos diante de Deus, por meio de Jesus, estamos comparecendo diante de nosso Pai. Versículo 11: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?” O Pai não era para Jesus um rótulo descartável. O Pai é a mais fundamental de todas as verdades. Deus é nosso Pai. As implicações são que ele jamais, jamais nos dará o que é mau para nós. Nunca. Ele é nosso Pai.
6. Nosso Pai celestial é melhor que nosso pai terreno
Então, Jesus nos incentiva a orar por nos mostrar que nosso Pai celestial é melhor que nosso pai terreno e Ele certamente nos dará muito mais boas coisas que nossos pais podem fazê-lo. Não há perversidade em nosso Pai celestial como existe em nossos pais terrenos.
O versículo 11 novamente: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhe pedirem?”
Estou ciente, e Jesus era ainda mais, de que nossos pais terrenos são pecadores. É por isso que a Bíblia repetidamente chama a atenção não apenas para a similaridade entre os pais terrenos e o Pai celestial, mas também para as diferenças (por exemplo, Hebreus 12,9-11; Mateus 5,48).
Portanto, Jesus vai além do incentivo de meramente dizer que Deus é nosso Pai e afirma que Deus sempre é melhor que seu pai terreno, porquanto todos os pais terrenos são maus e Deus não é. Jesus é muito franco e honesto. Esse episódio é um exemplo claro da crença de Jesus na pecaminosidade universal dos seres humanos. Aqui, ele admite que seus discípulos todos sejam maus. Ele não escolhe uma palavra suave como pecador ou fraco. Ele simplesmente declara que seus discípulos são maus (ponēroi).
Nunca restrinja sua compreensão da paternidade de Deus à sua experiência com seu próprio pai. Antes, pelo contrário, anime-se com o fato de que Deus não tem os pecados ou limitações ou fraquezas ou ainda as oscilações de seu pai.
E a verdade que Jesus estabelece é: mesmo os pais perversos, pecadores, geralmente, têm graça comum o bastante para dar boas coisas aos seus filhos. Há pais terrivelmente abusivos. Mas, na maioria das regiões do mundo, os pais são zelosos quanto ao bem-estar de seus filhos, mesmo quando não está claro que é bom para esses pais. Mas Deus sempre é melhor. Nele não há mal algum. Portanto, o argumento é enfático: se seu pai terreno lhe der coisas boas (ou mesmo se ele não o fizer), quanto mais seu pai celestial lhe dará boas coisas — sempre boas coisas para aqueles que pedem.
E aqui há algo implícito que realça o incentivo anterior. É a palavra “todo” — “Todo o que pede, recebe”. Se Jesus diz a seus discípulos: “Vocês que são maus”, então as únicas pessoas que podem estar diante de Deus em oração são os maus filhos de Deus. Vocês são filhos de Deus. E vocês são maus. Em outras palavras, mesmo depois de serem adotados por Deus em sua família, o pecado permanece em vocês. Mas Jesus declara que todos receberão. Todos os filhos maus de Deus! Vocês verão porque em um instante.
7. Podemos confiar na bondade de Deus porque ele já nos fez seus filhos
Aqui há outro incentivo implícito para orar: Deus nos dará boas coisas como seus filhos porque ele já nos concedeu o dom de nos tornarmos seus filhos.
Essa compreensão veio de Santo Agostinho: “Por que ele agora não daria aos filhos quando pedem, pois ele já lhes concedeu este direito de fato, a saber, que eles são filhos?” Já vimos que ser um filho de Deus é uma graça que recebemos quando vamos até Jesus (Jo 1,12). Jesus disse aos fariseus em João 8,42: “Se Deus fosse, de fato, vosso Pai, certamente me havíeis de amar”. Mas Deus não é o Pai deles. Eles rejeitaram Jesus. Por conseguinte, nem todos são filhos de Deus. Mas se Deus livremente nos fez seus filhos, quanto mais ele nos dará o que necessitamos?
8. A cruz é o fundamento da oração
Finalmente, nessas palavras, a cruz de Cristo está implícita como o fundamento para todas as respostas para nossas orações. A razão que eu digo isso é por que Cristo nos chama de maus e ainda declara que somos filhos de Deus. Como isso pode ser assim que pessoas más são adotadas por um Deus totalmente santo? Como podemos admitir ser filhos quanto mais pedir e esperar receber; buscar e esperar encontrar; bater e esperar que a porta seja aberta?
Jesus respondeu diversas vezes. Em Mateus 20,28, afirmou: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Ele deu a vida para nos resgatar da ira de Deus e nos colocar na posição de filhos que recebem somente boas coisas. E, em Mateus 26,28, disse na Última Ceia: “Porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para a remissão de pecados”. Devido ao sangue de Cristo, nossos pecados são perdoados quando confiamos nele. É por esse motivo que, embora Jesus nos chame de maus, podemos ser filhos de Deus e confiar nele para nos conceder boas coisas quando lhe pedirmos.
A morte de Jesus é o fundamento para todas as promessas de Deus e todas as respostas à oração que podemos obter. É por isso que declaramos, “em nome de Jesus”, ao fim de nossas orações. Tudo depende dele.
A síntese até agora é que Jesus realmente quer nos incentivar a orar. Por que alguém mais falaria dessa forma a respeito de oração se o objetivo de Deus para nós neste ano não fosse outro que não este: que oremos? Portanto, ele nos traz incentivo após incentivo, pelo menos oito deles.
Uma questão final
Uma questão final: como compreenderemos essas seis promessas nos versículos 7 e 8: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei, e vos será aberto. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e, a quem bate, abrir-se-á”. Isso significa que tudo o que um filho de Deus pedir, ele obterá?
Eu penso que o contexto aqui é suficiente para responder a essa questão. Não, não obteremos tudo o que pedirmos e não deveríamos pedir tudo nem tampouco querer tudo. A razão pela qual digo que não deveríamos é por que, com efeito, nos tornaríamos Deus se Deus atendesse a tudo o que lhe pedíssemos para fazer. Não devemos ser Deus. Deus deve ser Deus. E a razão pela qual digo que não deveríamos desejar obter tudo o que pedíssemos deve-se, então, a termos que suportar o peso da sabedoria infinita, a qual não temos. Simplesmente, não sabemos o suficiente para decidir de modo infalível qual será o desdobramento de cada decisão e quais serão os próximos eventos em nossas vidas, quanto mais como os eventos da história deveriam suceder.
Mas a razão pela qual digo que não conseguimos tudo o que pedimos deve-se ao texto, que sugere isso. Jesus declara nos versículos 9 e 10 que um bom pai não dará a seu filho uma pedra se ele lhe pedir pão e não dará a ele uma serpente se o filho pedir por um peixe. Essa situação nos induz a perguntar: “O que dizer se o filho pede uma serpente?” O texto responde se o Pai que está no céu dará isso? Sim, o texto responde. No versículo 11, Jesus extrai essa verdade das ilustrações: portanto, quanto mais seu Pai dará boas coisas àqueles que lhe pedirem.
Ele somente dá boas coisas
Ele dá boas coisas. Apenas coisas boas. Ele não dá serpentes a seus filhos. Por conseguinte, o texto em si mesmo se afasta da conclusão que peça e “você receberá” significa “peça” e você receberá realmente o que pediu. Assim, quando você pede por este algo e pela forma que você o pede, ser-lhe-á concedido. O texto não diz isso nem tampouco tem esse significado.
Se tomarmos a passagem como um todo, ela afirma que, quando pedimos, buscamos e batemos. Quando oramos como uma criança necessitada, não olhando para os nossos próprios recursos, mas para o nosso confiável Pai celestial, ele ouvirá e nos concederá boas coisas. Às vezes, exatamente o que lhe pedimos. Às vezes, exatamente no momento em que pedimos. Às vezes, justamente do modo como desejamos. Outras vezes, ele nos dá algo melhor ou, naquele instante, ele sabe o que é melhor de uma forma que sabe que é melhor.
E é óbvio que isso testa nossa fé. Porque se imaginarmos que algo diferente fosse melhor, teríamos pedido por isso em primeiro lugar. Mas não somos Deus. Não somos infinitamente fortes ou infinitamente justos ou infinitamente bons, sábios, amorosos. E, por conseguinte, é uma considerável misericórdia para nós e para o mundo que não obtenhamos tudo o que pedimos.
Compreenda a palavra dita porJesus
Mas se compreendermos a Palavra que Jesus disse, ó, quanta bênção desprezamos porque não pedimos, buscamos e batemos. Bênçãos para nós mesmos, nossas famílias, nossa igreja e nosso mundo.
Dessa forma, você se juntaria a mim com um novo compromisso de separar tempo para orar sozinho e em famílias, grupos, neste ano? Todo o restante desta semana de oração com o livreto especial preparado para você tem o objetivo de ser a aplicação extensiva deste sermão.
1 O Sermão do Monte, traduzido por Jaroslav Pelikan, v. 21 de Obras de Lutero. Concórdia, 1956. p. 234.