Fatos, Visíveis e Invisíveis
O que significa andar pela fé e não pelo que vemos?
Meditação sobre 2 Coríntios 5.7
Visto que andamos por fé e não pelo que vemos.
Os fatos são fundamentais ao cristianismo. Eram visíveis, agora são conhecíveis, são fatos históricos. Quando Paulo disse que andava pela fé e não pelo que via, ele já tinha visto o Senhor ressuscitado. “Não vi Jesus, nosso Senhor?” (1 Coríntios 9.1) E, quando Paulo descreveu o evangelho, ele o fez em termos de fatos, visíveis e históricos.
“Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E apareceu a Cefas e, depois, aos doze. Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora” (1 Coríntios 15.3-6).
Portanto, quando a Bíblia diz: “Andamos por fé e não pelo que vemos”, isso não significa que nunca houve quaisquer evidências visíveis. Também não significa que não haja evidências visíveis hoje.
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos” (Salmos 19.1).
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas” (Romanos 1.20).
No que concerne à primeira geração de crentes, Deus não pensava que estava contradizendo as bases da fé, quando lhes deu evidências de Cristo ressuscitado e quando, posteriormente, confirmou o evangelho por meio de sinais e maravilhas visíveis.
“A estes [os apóstolos] também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das coisas concernentes ao reino de Deus” (Atos 1.3).
“Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios...” (Hebreus 2.3-4).
Então, o que Paulo quis dizer, ao falar: “Andamos pela fé e não pelo que vemos”? O contexto é essencial.
“Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo [ou seja, o corpo] gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito. Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; visto que andamos por fé e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5.4-7).
Sim, Cristo foi visto por olhos físicos. Sim, Ele fez sinais e maravilhas, de modo infalível, com uma simples palavra ou um toque. Sim, Cristo morreu, ressuscitou e apareceu a muitos. Mas agora Ele está distante da visão. Não O vemos dessa maneira agora. Conforme Paulo disse: enquanto estamos “no corpo, estamos ausentes do Senhor”; ou seja, não O vemos. E não somente isso, neste corpo nós gememos. Ainda não vemos todo o efeito do poder de Jesus em nossa vida. Por isso, Paulo disse que temos o Espírito como um penhor. O Espírito é um pagamento não visível, mas experimentado, que foi dado como adiantamento da visão de Cristo na glória.
Em que sentido andamos pela fé e não pelo que vemos? Andamos pela fé e não pelo que vemos, porque, com base nos atos de Deus em Cristo, visíveis e passados, e com base no testemunho constrangedor dos apóstolos a respeito desses atos, agora confiamos neste Cristo vivo e no que Ele promete ser para nós, embora não O vejamos agora com os olhos físicos. Paulo disse isto em Romanos 8.24-25: “Na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos”.
Pedro falou sobre isso nos seguintes termos: “A quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória” (1 Pedro 1.8). Nunca vi o Cristo ressuscitado na carne. Meus olhos físicos jamais contemplaram a Jesus. Mas existe um ver que está além do ver de nossos olhos. Paulo orou para que tivéssemos esse ver: “Iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos” (Efésios 1.18). E falou sobre “a luz do evangelho da glória de Cristo” (2 Coríntios 4.4), para que vejamos quando Deus sobrepuja os efeitos da cegueira produzida por Satanás e nossa dureza de coração.
Portanto, andar pela fé e não pelo que vemos significa andar não pela contemplação imediata de Cristo, com nossos olhos físicos. Não significa andar sem qualquer evidência histórica, bem como sem iluminação espiritual nos olhos do coração. O Espírito Santo realmente nos outorga a contemplação da glória divina que confirma a si mesma no evangelho de Cristo. O Cristo que eu vejo no evangelho tem triunfado em minha mente e em meu coração. Por isso, digo juntamente com Paulo: “Vivo [não por vista] pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gálatas 2.20).
Se esta não é a sua experiência, ore humildemente por ela. Isto não é presunção. Foi o assunto da oração de Paulo em Efésios 1.16, 18: “Fazendo menção de vós nas minhas orações... iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos”. É correto pedir a Deus que ilumine nosso coração. É correto pedir-Lhe: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Salmos 119.18). Isso vai além da simples leitura, do simples estudo e do simples aprendizado. É a visão de algo maravilhoso, que desperta e sustenta a fé. Fixe seus olhos no Filho e peça iluminação.
Em parceria com Editora Fiel.