Preocupações Cristãs Sobre a Resposta de Yale a Uma Palavra em Comum
Concordo substancialmente com a segunda declaração de Uma Palavra em Comum Entre Nós e Vocês: "Sem paz e justiça entre estas duas comunidades religiosas [Muçulmanas e Cristãs], não pode haver paz significante no mundo." Eu a tomo como referência a comportamentos nacionais, sociais e pessoais, não para sentimentos expressos ou ideias expressas. E eu concordo com a declaração do último parágrafo do comentário: "Então não deixemos nossas diferenças causarem ódio e contenda entre nós."
Em João 18:36, Jesus renunciou a espada como estratégia para seus discípulos no avanço do reino. "se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos... mas, agora, o meu Reino não é daqui." Portanto, cristãos deveriam trabalhar juntos com pessoas de convicções religiosas radicalmente diferentes para encontrar meios de evitar violência injusta, e eles deveriam buscar juntos a liberdade do culto religioso e a congregação religiosa e a proclamação pública religiosa. Cristãos deveriam renunciar o uso de força física—seja por violência ilegal ou punição legal—visando restringir a pacífica, não-coerciva expressão religiosa e culto religioso e o persuasivo discurso religioso.
Uma Convocação Central Falha
Mas a convocação central de Uma Palavra em Comum é falha. Esta convocação almeja prover uma fundação para todo futuro diálogo inter-religioso. O documento diz (p. 15), "Que este fundamento comum seja a base de todo futuro diálogo inter-religioso entre nós, porque é no fundamento comum que depende toda a lei e os profetas (Mateus 22:40)."
Qual é a convocação central de Um Palavra em Comum? A frase "uma palavra em comum entre nós e vocês" é tomada do Alcorão (Aal "Imra 3:64; Uma Palavra em Comum, p. 13). Citando Deus, diz, "Ó povo das Escrituras [Judeus e Cristãos]! Venha para uma palavra em comum entre nós e vocês: para que nós não adoremos ninguém senão Deus...." Esta citação é importante porque ela torna claro que a convocação central de Uma Palavra em Comum não é que nós concordamos como monoteístas nos princípios formais de que amar a Deus (seja quem ele for) e amar ao próximo (seja quem ele for) são um fundamento comum. Isso pode ser verdade. Mas o que a citação do Alcorão faz ficar claro é que a convocação central de Uma Palavra em Comum é que cristãos e muçulmanos na verdade amam o mesmo Deus.
Não Apenas Formal mas Real Amor Compartilhado pelo Deus Único ?
Os redatores do documento mostram que isso é o que eles querem dizer no seguinte parágrafo de Uma Palavra em Comum quando eles identificam a convocação no Alcorão com o Grande Mandamento na Bíblia. Eles dizem, "Claramente também adorar ninguém senão Deus, relaciona-se a ser totalmente devotado a Deus, e assim ao Primeiro e Maior Mandamento." Assim nós somos convocados a nos unir no fundamento comum de um culto a Deus, uma devoção a Deus, e um amor por Deus.
É claro que essa é a intenção do documento porque este cita (sem comentário interpretativo) o Alcorão como segue: "Digam (Ó Muçulmanos): Nós cremos em Deus e...e aquele que Moisés e Jesus receberam.... E se eles creem no que semelhantemente vocês creem, então eles estão corretamente guiados. Mas se eles se desviarem, então eles estão em dissidência, e Deus suprirá vocês contra eles."
Então é bastante claro que o fundamento comum estabelecido em Uma Palavra em Comum não é uma similaridade formal entre duas religiões monoteísticas mas, na verdade, um amor pelo Deus único compartilhado.
A Resposta de Yale
Antes de mencionar o que está errado, uma palavra breve sobre a resposta de Yale para Uma Palavra em Comum. Entre as muitas sérias discordâncias quanto à Resposta de Yale, o mais sério é o que a une com esta interpretação de Uma Palavra em Comum. No primeiro parágrafo da seção intitulada "O Trabalho Diante de Nós," os redatores dizem, "Nós precisamos... trabalhar diligentemente juntos para remodelar as relações entre nossas comunidades e nossas nações para que elas genuinamente reflitam nosso amor em comum por Deus e de um pelos outros" (grifo nosso).
Fica claro pela frase "nosso amor em comum por Deus" que aqueles que escreveram isso ou se expressaram mal (o que é improvável, uma vez que muitos outros traços do documento apontam para esta direção) ou que eles concordam com Uma Palavra em Comum que o fundamento comum para o diálogo cristão-muçulmano não está na similaridade formal em nossas religiões mas, de fato, num amor compartilhado pelo único Deus verdadeiro e por nosso próximo.
Este "Fundamento Comum" Não Existe
A falha no fundamento comum sugerido por Uma Palavra em Comum e abraçada pela Resposta de Yale é que Jesus deixou claro que tal fundamento comum não existe. E minha argumentação seria que esta ausência de tal fundamento comum deveria ser explicitada—não para destruir o diálogo ou para minar a paz, mas (para o lado dos cristãos) para manter um diálogo que preserve a confiança, franco, honesto, biblicamente fiel e que exalte a Cristo e por uma questão de paz durável e baseada na verdade.
- Jesus disse, "sei, entretanto, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, certamente, o recebereis" (João 5:42-43). Quando Jesus diz, "me receber," ele quer dizer receber ele como quem ele realmente é: o divino, eterno Filho de Deus que entregou sua vida pelas ovelhas e a toma de novo em três dias. Se a pessoa não o recebe desse jeito, essa pessoa, Jesus diz, não ama a Deus.
- Jesus disse, "E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento, a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou" (João 5:22-23). Quando Jesus diz, "Honra o Pai que o enviou", ele quis dizer honrar o Filho por quem ele é como o divino e eterno Filho de Deus que deu sua vida pelas ovelhas e a tomou de volta em três dias. A pessoa que não honra ele desse jeito, Jesus diz, não honra a Deus.
- Jesus disse, " Não me conheceis a mim nem a meu Pai; se conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai" (João 8:18-19). Isso quer dizer "conhecer" Jesus por quem ele realmente é. Então a pessoa que não conhece a Jesus como o divino, eterno, crucificado, ressurreto Filhos de Deus não conhece a Deus.
Historicamente muçulmanos não conhecem a Jesus, honram a Jesus, ou recebem a Jesus como quem ele realmente é—o divino, eterno Filho de Deus, que entregou sua vida na cruz por pecadores e ressuscitou no terceiro dia. Portanto, Jesus diz, tais muçulmanos não conhecem a Deus e não honram a Deus e não amam a Deus. Por mais ofensivo que pareça, Jesus disse isso para o povo religioso mais saturado de conteúdo bíblico, disciplinado com rituais e conscientes de Deus de seus dias.
Aqueles que Negam a Cristo não Amam, Honram, ou Conhecem a Deus
Portanto, a convocação central de Uma Palavra em Comum, compartilhada pela Resposta de Yale, é profundamente falha. Na verdade, o fundamento comum sugerido não existe. Eu acredito que há um caminho melhor entre os estudiosos cristãos e muçulmanos e o clero. Do lado cristão, será um diálogo que preserva a confiança, honesto, biblicamente fiel, centrado na cruz e que exalta a Cristo.
Acredito de todo coração que, como pecadores perdoados, que devemos nossas vidas somente à graça comprada com sangue, nós cristãos podemos olhar com amor e boa vontade, e até mesmo com coração tenro de compaixão, nos olhos dos muçulmanos e dizer: Eu não acredito que você conhece a Deus ou honra a Deus ou ama a Deus. Eu espero que através de nossa conversa você enxergue a verdade e a beleza do Cristo crucificado e ressurreto em favor dos pecados de todo aquele que confiar nele. E se nós formos ameaçados neste exato momento, espero que eu ofereça minha vida por você.
Nisto Consiste o Amor
Se amor a Deus deve ser declarado como essencial a fé cristã, deve ser declarado da maneira como o apóstolo João declarou: "Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros" (1João 4:10-11).