Não há benção como a saúde – exceto a doença
Um testemunho que me tocou ao terminar meu ministério na igreja Bethlehem em 31 de março foi o de uma jovem que batalhou contra o câncer. Ela agradeceu a Deus pelo meu câncer. Ela ouviu as mensagens que aconteceram até minha cirurgia em fevereiro de 2006. Essas mensagens foram vida para ela.
Deus sabe o que os pastores devem suportar para serem úteis para seu rebanho. É algo sério o que lemos em 2 Coríntios 1:6, “Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação;”. Esta é uma das razões porque o ministério é tão difícil. Nós somos atribulados de forma que através de nossas tribulações nosso rebanho seja salvo.
Charles Spurgeon sofreu continuamente de depressão. Entretanto, ele tinha uma fé determinada na soberania de Deus em meio a suas aflições. Isto era a salvação dele durante uma crise de depressão.
Seria uma experiência mordaz e muito difícil para mim pensar que eu tenho uma tribulação que Deus nunca me mandou, que a taça amarga nunca foi enchida por Sua mão, que minhas provações nunca foram medidas por Ele nem pesadas e contadas ao serem enviadas para mim sob Seu comando.
Para Spurgeon a soberania de Deus não era algo simplesmente para argumentar em debates, mas um meio de sobrevivência. Ele não estava brincando quando ele espirituosamente comentou “ eu me atrevo a dizer que a maior benção terrena que Deus pode dar a cada um de nós é a saúde, com exceção da doença. . . . A tribulação é a melhor parte dos móveis de minha casa. É o melhor livro na biblioteca de um pastor”.
Dentre os vários propósitos que ele viu sofrendo de sua desanimadora depressão, se destaca principalmente o fato de o ser para o bem de seu rebanho. Isto deu a ele um poder incomum para pregar à alma desesperada.
Na manhã de um domingo, eu preguei sobre o texto “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” e, ainda que eu não tenha dito, eu preguei sobre minha própria experiência. Eu escutei minhas próprias correntes rangerem enquanto eu tentava pregar para meus companheiros-prisioneiros de escuridão, entretanto eu me condenei por não saber dizer porque eu vim a ter tanto horror da escuridão.
Na noite da segunda-feira seguinte, veio me ver um homem cuja aparência carregava todas as marcas do desespero. Seu cabelo estava todo em pé, e seus olhos pareciam estar prontos para saltar de suas órbitas. Ele disse para mim após uma rápida conversa “Nunca antes, em minha vida, eu ouvi qualquer pessoa falar como se conhecesse meu coração. O meu coração está numa situação terrível, mas no domingo de manhã você me mostrou a vida e pregou como se você tivesse estado dentro de minha alma.”
Pela graça de Deus eu salvei aquele homem do suicídio, e o direcionei à luz e à liberdade do evangelho mas eu não poderia ter feito isto se eu mesmo não tivesse sido confinado ao calabouço em que ele estava.Eu lhes conto esta história, meus irmãos, porque algumas vezes vocês podem não entender suas próprias experiências, e as pessoas “perfeitas” podem condenar vocês por estarem passando por esta situação, mas o que sabem elas sobre os servos de Deus? Eu e você temos que sofrer principalmente pelo bem das pessoas sob nossa responsabilidade. . .
Você pode estar numa escuridão “egípcia”, e pode estar se perguntando porque tais calafrios percorrem sua espinha, mas na realidade você pode muito bem estar perseguindo seu chamado, sendo levado pelo Espírito Santo a uma posição de simpatia com as mentes desencorajadas.
De meu ponto de vista privilegiado após 33 anos de ministério, não há dúvida que problemas de todos os tipos no ministério são o remédio amargo de Deus para a sobrevivência de nossa própria fé e a de nosso rebanho.